Em 2009, os gastos
militares mundiais ultrapassaram cerca de 1,5 trilhão de dólares. A necessidade
de uma cultura de paz e de uma redução significativa de armas no mundo nunca
foi tão grande. E ela se aplica a todos os tipos de armas.
Sobre o perigo das
armas nucleares, Albert Einstein disse: “Eu não sei com que armas a Terceira
Guerra Mundial será disputada, mas a Quarta Guerra Mundial será travada com
paus e pedras”.
O custo humano e material
das armas convencionais também é alto. De pelo menos 640 milhões armas de fogo
licenciadas em todo o mundo, aproximadamente dois terços estão nas mãos da
sociedade civil. O comércio legal de armas de pequeno calibre excede quatro
bilhões de dólares por ano. O comércio ilegal é estimado em um bilhão de
dólares. E essas armas convencionais, como as minas terrestres, causam
destruição da vida e da integridade física, que continua por anos após os
conflitos terem acabado.
E ainda, além dos
efeitos óbvios destas armas, está o seu custo mais elevado – um custo
resultante de prioridades equivocadas e da falta de visão.
O ex-Presidente dos
Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower (1952-1960), e Comandante Geral das Forças
Aliadas durante a Segunda Guerra Mundial, coloca a questão desta forma, falando
no início de seu mandato como Presidente, disse:
“Cada arma produzida, cada navio de guerra lançado ao mar, cada foguete disparado significa, em última instância, um roubo àqueles que têm fome e não são alimentados, aqueles que estão com frio e não têm o que vestir. O custo de um moderno bombardeiro pesado é este: a construção de uma moderna escola em mais de 30 cidades.”
Desde o nascimento das
Nações Unidas, as metas do desarmamento multilateral e da limitação de armas
foram consideradas centrais para a manutenção da paz e da segurança
internacionais. Estas metas vão desde a redução e eventual eliminação das armas
nucleares, destruição de armas químicas e do fortalecimento da proibição contra
armas biológicas, até a suspensão da proliferação de minas terrestres e de
armas leves e de pequeno calibre.
Estes esforços têm o
apoio de uma série de instrumentos-chave da ONU. O Tratado de Não-Proliferação
de Armas Nucleares (TNP), o mais universal de todos os tratados multilaterais
sobre desarmamento, entrou em vigor em 1970. A Convenção sobre Armas Químicas
entrou em vigor em 1997, e a Convenção sobre Armas Biológicas, em 1975. O
Tratado Abrangente de Proibição de Testes Nucleares foi adotado em 1996. A
Convenção sobre Proibição de Minas entrou em vigor em 1999.
A ONU apoiou tratados
regionais de proibição de armas nucleares na Antártida, América Latina e no
Caribe, no Pacífico Sul, Sudeste da Ásia, África e Ásia Central. Outros
instrumentos adotados pela ONU proíbem armas nucleares no espaço sideral e em
alto mar.
Em resposta ao
crescimento do terrorismo internacional, a Assembleia Geral adotou a resolução
57/83 criada para impedir terroristas de adquirirem armas de destruição em
massa. Em 2004, o Conselho de Segurança adotou a resolução 1540, proibindo o
apoio do Estado para tais esforços. A Convenção Internacional para a Supressão
de Atos de Terrorismo Nuclear da Assembleia foi aberta para assinatura em
setembro de 2005 e entrou em vigor em julho de 2007.
A Assembleia Geral e o Conselho
de Segurança abordaram as questões do desarmamento continuamente. A Assembleia
também realizou sessões especiais sobre o desarmamento em 1978 e 1988. Alguns
órgãos da ONU se dedicam exclusivamente ao desarmamento. Entre eles está a
Conferência sobre o Desarmamento. Como único fórum de negociação multilateral
da comunidade internacional para acordos sobre o desarmamento, a Conferência
negociou com sucesso tanto a Convenção sobre Armas Químicas como o Tratado
Abrangente de Proibição de Testes Nucleares.
Em nível local, os
membros das forças de paz da ONU trabalham frequentemente para implementar
acordos específicos de desarmamento entre partes em conflito. Esta abordagem
tem sido usada com sucesso na África Ocidental, por exemplo, onde o Escritóriodo Representante Especial do Secretário-Geral organizou reuniões regionais para
harmonizar os programas de desarmamento, desmobilização e reintegração dos
ex-combatentes. A situação na Libéria serve como um bom exemplo para mostrar
como este trabalho é feito.
Estabelecida em
setembro de 2003, a Missão da ONU na Libéria (UNMIL) foi encarregada de
auxiliar no desarmamento, desmobilização, reintegração e repatriação de todas
as partes que estavam armadas. O processo foi iniciado em dezembro. Em 12
meses, cerca de 100 mil liberianos devolveram seus revólveres, munições,
granadas de propulsão e outras armas. Em 3 de novembro de 2004, milícias em
guerra na Libéria foram formalmente dissolvidas em uma cerimônia na sede da
UNMIL, em Monróvia. Ao final de fevereiro de 2006, mais de 300 mil deslocados
liberianos retornaram à suas casas. Após 15 anos de conflitos, em 2005, um
grande número de pessoas participou das eleições, que contaram com a
assistência da ONU, e elegeu Ellen Johnson-Sirleaf como Presidenta.
A situação que seguiu a
invasão do Iraque ao Kuwait, em 1990 e o fim da primeira Guerra do Golfo é um
exemplo único de um acordo da ONU sobre cessar-fogo, exigindo o desarmamento
forçado. Quando a guerra acabou, o Conselho adotou a resolução 687 de 8 de
Abril de 1991, estabelecendo os termos do cessar-fogo. Entre eles, a eliminação
das armas de destruição em massa (ADM) do Iraque.
Para este fim, o
Conselho estabeleceu a Comissão Especial das Nações Unidas (UNSCOM) sobre o
desarmamento do Iraque, com poderes de inspeção sem aviso prévio. Ela confiou à
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tarefas de verificação
similares na esfera nuclear, com a assistência da UNSCOM. Nos 12 anos
seguintes, este processo conseguiu reduzir consideravelmente o acúmulo de ADM pelo
Iraque. Infelizmente, a incapacidade de fazer a certificação de que todas estas
armas e sistemas tenham sido destruídos levou, em parte, à segunda guerra no
Iraque, em 2003.
As missões de paz da
ONU também utilizam a estratégia do desarmamento preventivo, que procura
reduzir o número de armas de pequeno calibre em regiões de conflito. Em El
Salvador, Serra Leoa, Libéria e em outros lugares isto implicou na
desmobilização das forças de combate, assim como na coleta e destruição de suas
armas como parte de um acordo de paz abrangente.
Mantendo o sentimento
expressado pelo General Eisenhower, a ONU é plenamente consciente, em todos
estes esforços, da relação direta entre desarmamento e desenvolvimento. Sobre
esta relação-chave o Secretário-Geral Ban Ki-moon disse:
“Podemos fazer progressos significativos em direção aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio se alguns destes recursos (usados em gastos militares e seus armamentos) fossem redirecionados para esforços para o desenvolvimento econômico e social.Em um momento de elevação dos preços de alimentos e combustíveis e de incertezas na economia global, o mundo não pode ignorar o potencial de desenvolvimento do desarmamento e da não-proliferação.” - Conforme proclamado pela Assembleia Geral, a Semana do Desarmamento é realizada em todo o mundo, de 24 a 30 de outubro, todos os anos.
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